No fim de 2016, a imprensa espanhola debatia sobre o que chamava de pior ano de Neymar. O atacante então do Barcelona marcara 29 vezes em 59 compromissos, o que lhe dava uma média de 0,49 por partida. Marca inferior a esta somente em 2009, quando estreou entre os profissionais. Cinco anos depois, estes números já não soam tão negativos. O brasileiro, agora no PSG, termina 2021 com uma performance ainda mais aquém.
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Sem perspectiva de voltar a jogar devido a uma lesão nos ligamentos do tornozelo esquerdo, Neymar encerra 2021 com 17 gols em 46 jogos. A média, de apenas 0,37 a cada vez que entrou em campo, acende ainda mais o alerta sobre ele. O principal jogador brasileiro não tem conseguido ser protagonista como no passado.
Esta queda se acentua no segundo semestre. Das 17 vezes que Neymar balançou as redes, apenas cinco foram na segunda metade do ano. Vale lembrar que, ao se reapresentar após as férias, o atacante teve que lidar com críticas em relação a sua forma física. Como de hábito, não as recebeu bem. Fez questão de exibir o abdome definido em fotos e desabafou, após jogo da seleção contra o Peru, dizendo não saber mais o que fazer com a camisa da seleção para ser respeitado. O que ele parece não ter percebido é que os questionamentos tinham como base o rendimento em campo, e não o tamanho de sua barriga.
— Me preocupa o Neymar do meio do ano para cá — afirma o colunista do GLOBO Carlos Eduardo Mansur. — Após a Copa América, pela primeira vez a gente vê uma volta de férias em que ele está distante da forma física. Embora seja um cara de enorme técnica e habilidade, isso afetou o jogo dele. Aquele Neymar leve, que passa pelos adversários com facilidade, aparece menos. Parece pesado. E isso começa a ser preocupante. Porque induz a se perguntar se tem algo que seja de ordem motivacional que esteja influenciando.
Se contarmos as assistências no ano (17), Neymar participou diretamente de 34 gols pelo PSG e pela seleção. É mais do que os 32 (22 gols e 10 assistências) de 2020 e do que os 28 (17 gols e 11 assistências) de 2019. Mas, nestes anos, o brasileiro atuou bem menos. Foram, respectivamente, 29 e 26 partidas.
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Esta perda de protagonismo foi acompanhada de um questionamento maior pelos jornais franceses. Por mais de uma vez este ano, o camisa 10 recebeu as piores notas dos tradicionais “France Football" e “L’Equipe” após os jogos do PSG. Este último publicou, em outubro, uma reportagem que comparava as estatísticas do primeiro ano do atacante pelo clube parisiense com as mais recentes e constatou um declínio: “E se a melhor versão do Neymar já passou?”, perguntou.
A performance esportiva não é o único critério para esta avaliação. Tempo de contrato e idade também pesam. O primeiro ponto não é problema para Neymar. Em maio, ele renovou com o PSG até 2025. Já o segundo é crucial. O brasileiro completará 30 anos em fevereiro e romperá uma barreira sensível para o mercado.
Importante destacar que o contexto não é favorável para o camisa 10. O PSG até hoje não deixou de ser um grupo de grandes talentos individuais em busca de unidade. O elenco convive com insatisfações pessoais, como as do goleiro Donnarumma, incomodado com as poucas oportunidades, e de Mbappé, que sonha com a transferência para o Real Madrid. Do poderoso trio de ataque formado ainda por Messi, Neymar é o único que se predispõe a recuar para buscar a bola. Por vezes, excessivamente.
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A expectativa do técnico Maurício Pochettino é de contar com Neymar para a reta decisiva da temporada. Principalmente, o mata-mata da Champions. Pelas oitavas, o PSG vai encarar o Real Madrid entre fevereiro e março. A motivação de poder conquistar um título inédito para o clube e a Copa de 2022 pode ser o grande diferencial.
—Se ele tiver tudo isso na cabeça, ainda tem uma idade que o permite se preparar e mirar a Copa — projeta Mansur. — A mente vai comandar tudo. Agora, as feramentas ele tem.
Entenda como Neymar teve em 2021 seu pior ano na carreira - Jornal O Globo
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